Parte 4 - Um ciclo termina

Seria o ultimo ano no colégio e por um lado eu ficava triste. Era o fim de uma fase. Por mais que eu tinha sofrido muito mentalmente, tinha recordações boas. Sabia que sentiria falta de alguns amigos, colegas, professores e funcionários. Do confinamento, das brincadeiras, das conversas jogadas foras, dos segredos, das descobertas que vivi com aquelas pessoas. Era o encerramento de um ciclo.

No dia 1 de fevereiro de 2014 comecei a trabalhar como auxiliar de depósito numa loja de materiais de construção. Enfim, agora eu teria de mudar de turno no colégio. Fui para a turma da noite. Eu esperava ser realmente odiado, destratado e sofrer com o bullying mais uma vez, só que dessa vez num grau maior. Imagina que seriam pessoas mais cruéis, pessoas que preferiam estudar a noite por terem encalhado no colégio e gostarem de infernizar a vida dos outros. Criei meu mostro do terceiro ano noturno. Mas adivinhem, eu não fui sozinho. A minha amiga de personalidade forte também decidiu passar para a turma da noite e lá nós encontramos o menino chato que se achava, mas agora nós tinhamos mais paciência com ele (menos um dia que ele foi grosseiro e eu discuti com ele). 

Só posso dizer que o destino, Deus, me surpreendeu muito. O quanto eu fui feliz no terceiro ano. Fui agraciado e terminei o colégio de uma das melhores formas possíveis. Fiz amigos, conheci diferentes pessoas, cada vez que chegava na sala os meninos do fundão zoavam, saudavelmente, comigo. Me senti demasiadamente acolhido. Era o caixa da sala, ajudava na escolha de algumas coisas da formatura. Me dei bem com a turma toda. Meu amigo com medo de se expressar também foi para a turma da noite, e posso dizer que ele também teve um bom progresso. E eu não estava mais arrogante e o clima já não era mais pesado. Foram os melhores dias no colégio e sai com sensação de dever cumprido. Justo eu que me senti por vezes sozinho, tinha sido tão bem acolhido por aquelas pessoas que eu julguei sem conhecer. Eles me abraçaram, e fizeram o que fiz com a menina da foto intíma, me deram uma chance, me aceitaram, foram humanos.

Na formatura, que coisa incrível. Eu e minha amiga fomos os mais aplaudidos da noite na passarela, além de sermos os oradores da turma. Algumas pessoas pensam o quão fútil isso possa parecer ser, mas não, não pra quem sofreu bullying. Ter sido aplaudido por aquelas pessoas foi algo gratificante, por alguns segundos eu sentia uma multidão me apoiando e me dando a chance de ser eu. Elas não estavam me julgando, mas sim me aplaudindo e eu tlvez nunca vá entender o porque de tantos aplausos. Se foi por minha roupa, por meu cabelo, pelo meu sorriso ou pelo meu brilho no olhar. Talvez eu não vá encontrar essa resposta, mas aquilo ficará guardado comigo para sempre. Pode parecer simples, mas tem um significado grandioso.

Bom, a época do colegial acabou. Eu cresci. Passei por bullying no trabalho também, mas não tão pesado quanto ao colégio. Até porque eu não me abalo mais como antes. Aprendi a lidar com muita coisa, mas tudo o que vivi afeta em muitas coisas do meu dia a dia, e pretendo contar para vocês futuramente. 

O meu conselho é para sempre olharmos para o sol, para luz. As dúvidas, as criticas, as maldades e a intolerância sempre existirá. Algumas pessoas vão tentar te derrubar, te colocar pra baixo e desmoronar seu mundo, mas você não pode desistir e nem deve. Erga a cabeça, siga em frente, seu caminho, sua estrada pode ser longa, foque no seu futuro e os problemas você aprende a lidar. Destrua seus monstros internos e externos. Treine em caso. Se for preciso, chore e desabafe com alguém ou consigo mesmo. Mas seja forte, persista e veja a luz e o brilho que você pode dispertar.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Aceite que você também erra

O primeiro período

Meu medo da paixão